Regras da Boa Heráldica

 


PRINCÍPIOS GERAIS

Neste site seguimos as regras e leis da Heráldica e privilegiamos o rigor estético e histórico dos brasões.

Quem deseje criar um brasão desprezando as regras, sem critério científico nem estético, pretendendo nele incluir todos os aspectos da sua vida, deverá procurar outro site na internet.

Conte conosco se o seu desejo é o de criar um brasão ou trabalho heráldico que respeite as regras e critérios estéticos.

 

REGRAS DA BOA HERÁLDICA


POUCOS SÍMBOLOS, MAIS BELEZA

Um dos erros mais frequentes para quem não domina a Heráldica é pretender colocar demasiados símbolos num brasão. É fundamental não exagerar na quantidade de símbolos. Quando isso acontece, em vez de um escudo límpido e distinto, obtém-se um brasão pretencioso, confuso e medíocre. O objetivo não é representar a história de vida do titular, mas sim evocar dois ou três momentos chave. Não mais do que isso.

SIMPLICIDADE

A mensagem do brasão deve ser simples e concisa: quanto mais simples e menos objectos tiver, mais eficaz é a mensagem e mais bela é a representação final. Idealmente um brasão não deve ostentar mais do que quatro símbolos (ou menos).

IMAGENS REALISTAS

A Heráldica é uma ciência simbólica, não é uma arte naturalista. As figuras nos brasões devem ser neutras e universais e não representativas de objetos específicos.

REPRESENTAÇÃO LITERAL

Deve ser evitada a representação literal de certos objetos, optando-se preferencialmente por peças heráldicas que evoquem os conceitos ou símbolos desejados.
Por exemplo, na representação de “alimento”, em vez de um prato de comida, usar-se-á a espiga de trigo – a base do pão, alimento universal por excelência.

PROPORCIONALIDADE

Um dos princípios a ter em conta na elaboração de um brasão é o respeito pela proporcionalidade das peças. Existem na natureza relações de proporção entre objetos e animais que devem ser tidas em conta na elaboração de um escudo.

INSÍGNIAS E CONDECORAÇÕES

A colocação de insígnias num brasão deve respeitar as normas específicas das respectivas ordens e instituições.
Por exemplo, um cavaleiro da Ordem de Malta ou do Santo Sepulcro não pode ostentar a respectiva cruz atrás do escudo apenas porque fica bem, pois esse é um privilégio exclusivo de determinado grau ou condição estatutária.
As medalhas, cruzes e demais insígnias deverão estar de acordo com os graus do armigerado dentro dessa ordem.

SOBREPOSIÇÃO DE SÍMBOLOS

Outro erro frequente é a sobreposição de determinados símbolos dentro do próprio brasão, tais como bandeiras de países, brasões de ordens, símbolos maçónicos ou certas insígnias cristãs (como por exemplo as chaves e tiara papal, que são de uso exclusivo). Além de grotesco, tal não respeita a simplicidade e a beleza que a heráldica deve sempre transmitir.
Por exemplo, um cidadão com origens remotas em Itália não deve pretender ver a bandeira deste país no brasão, antes deve procurar algum símbolo de “natureza heráldica” que evoque esse país ou região.

OBJECTOS NÃO HERÁLDICOS

Embora seja próprio da Heráldica a introdução pontual de novos símbolos que acompanhem a evolução tecnológica e reflictam o nosso tempo, regenerando assim o seu vocabulário simbólico, há objetos e peças que não têm dignidade heráldica, não devendo por isso ser representados.

PALAVRAS E FRASES NO ESCUDO

Outra coisa que se deve evitar é a colocação de frases no escudo. Isso é contra as regras da expressão heráldica, fazendo mais lembrar os vulgares logótipos comerciais.

IMAGENS DE SANTOS

É também outro erro frequente, para os que desconhecem esta disciplina, pretender representar imagens realistas de Santos, da Virgem, de Cristo, etc. Esta não é a maneira indicada de representar as grandes figuras do cristianismo. Existem símbolos específicos para cada santo (atributos), bem como para as principais figuras do Cristianismo.
É importante lembrar que a heráldica pode ser aplicada aos objetos mais comuns: um mosaico no chão onde pomos os pés ou uma almofada onde nos sentamos, não são lugares indicados para se colocar figuras sagradas.

DIVISÃO DO ESCUDO

Na construção das Armas de Fé e Armas Novas deve-se procurar uma solução global onde as figuras sejam distribuídas de forma equilibrada e proporcional. As partições (divisões do escudo) podem contribuir para uma melhor hierarquização das peças (objectos no escudo), conferindo-lhes assim um espaço próprio que as valorize. A ausência de partições, por sua vez, deve ter em atenção a correcta distribuição das peças, atendendo à sua hierarquia e proporções, de modo a que a sua leitura seja imediata e eficaz.

COROAS E CORONÉIS

Por razões óbvias, abstemo-nos de representar coroas ou coronéis por quem não tenha o direito de os ostentar. O uso destes símbolos de nobreza está bem definido na História e, na ausência de um direito reconhecido ou um precedente que o justifique, não serão atribuídos. Em suma, não devemos pretender ser quem não somos.

 

LEIS FUNDAMENTAIS DA HERÁLDICA

A Arte de Brasonar deve respeitar seis leis heráldicas, que constituem os seus princípios fundamentais:

1ª Lei

Ao brasonar, não se deve sobrepor metal sobre metal, cor sobre cor ou forro sobre forro.

2ª Lei

As peças honrosas devem ser colocadas nos lugares que lhes competem.

3ª Lei

As figuras naturais ou quiméricas, quando sozinhas, devem ocupar o centro do campo sem tocar em seus bordos.

4ª Lei

Muitas peças móveis, ou figuras, pousadas sobre o mesmo campo tem sempre o mesmo esmalte,
desde que sejam elas repetidas sem alterações.

5ª Lei

Não há tonalidades diferentes de uma mesma cor.

6ª Lei

Um brasão deve ser regular, simples e completo.